Diante de mais uma crise
econômica o governo federal anunciou nesta segunda-feira um conjunto de medidas
para “tapar” o rombo no orçamento de 2016. Dentre as medidas anunciadas estão
alguns cortes de despesas e aumento de impostos. A despeito da validade de
discutir uma ou outra medida isoladamente os três itens que realmente importam
não foram novamente trazidos à tona:
1) Qual caminho o Brasil vai
tomar daqui para a frente? Qual é o planejamento de médio e longo prazo?
Perdidos no
meio de uma crise, novamente estamos correndo contra o tempo quando na verdade
todo bom administrador sabe que a antecipação do problema e a análise de riscos
de curto, médio e longo prazos são fundamentais para o sucesso de qualquer
administração. No Brasil deixa-se o aeroporto ter um movimento muito maior do
que suporta para daí começar a pensar em ampliá-lo, deixa-se a rodovia ficar
completamente esburacada e intransitável para daí começar a pensar em
recuperá-la, deixa-se entrar em uma profunda crise, ficar sem dinheiro para
comer o pão de amanhã para daí começar a pensar em como economizar. O Brasil
precisa de projeto, o Brasil precisa de planejamento, o Brasil precisa de
administração, de engenharia, o Brasil não precisa de políticos interessados
unicamente em poder.
2) Quando serão feitas reformas
realmente estruturais que melhorem e tornem eficiente a gestão da máquina
pública?
O Estado tem que ser eficiente,
gerir o que realmente importa. No afã pelo poder, em especial nos governos
petistas houve um inchaço brutal da máquina pública. Segundo matéria veiculada
na revista Exame entre 2003 e 2013 o número de servidores federais ativos
aumentou 24% enquanto a população aumentou 10% segundo o Banco Mundial. O
salário médio inicial de um técnico administrativo no setor privado no final de
2013 era de R$1.600,00 enquanto no poder público federal era de mais de
R$5.000,00 mês. Quanto maior o Estado maior o controle que Ele tem sobre a
população.
3) Quando passaremos a deixar de
defender interesses de uma parcela da população ou de um grupo e passaremos a
pensar no que realmente faria a diferença para nosso país?
Quanto maior o controle, maior o poder
e maior chance para a corrupção. É óbvio que alterações no modelo atual de
governança geram muitas reações em especial daqueles que se beneficiam dele. Existe
alguma justificativa para, em meio a uma das maiores crises dos últimos anos,
os servidores do judiciário terem lutado por um aumento salarial de 78% em
2015? Quantas vezes você já ouviu algo do tipo: “bom, mas no governo “x” meu
salário aumentou muito, no governo “y” não valorizavam nossa classe. Isso exemplifica que no Brasil muitos pensam
que se está bom para mim está bom para o país. Este pensamento egocentrista
explica em parte nosso atraso e subdesenvolvimento. Nações mais desenvolvidas
são formadas por cidadãos que pensam no todo e não em si próprios. Eles sabem
que se o país for bem todos serão beneficiados. Quer um exemplo? Em 2014 em um
referendo os suíços votaram não pela elevação e instauração de um salário
mínimo de 3300 Euros para seus cidadãos sendo que a maioria justificou seu voto
pelo fato de que isso poderia ser uma ameaça ao emprego e às empresas. Quer
outro? Na Suécia, na campanha eleitoral os candidatos trocam idéias e projetos
e dividem material nos debates discutindo o que seria melhor para o país.
Diante disso convido você a
refletir: estamos no caminho certo? O governo federal que aí está tem condições
de nos levar pelo caminho do bem do país? As ações tomadas pelo partido e pela
presidente demonstram que eles pensam no bem da nação? Responda na próxima
eleição e, enquanto ela não vem, que tal lutarmos e sermos ativos nas cobranças
junto a nossos representantes?